Ela tem algo a mais

Não são os brincos pequenos, o oxford laranja meio aberto, o cabelo bagunçado quase todos os dias, o bom humor de manhã, as coxas brancas e o bonito ânimo para a faculdade.

Nada é compatível com a cor dos seus olhos e o tom da sua pele. Nada passa sem ela perceber. Ela precisa ver. Precisa ter noção do seu egoísmo bonito ao ponto de não querer dividir o homem que dorme ao seu lado, de barba mal feita, de cabelo curto, de pele oleosa, de coração partido — que muitas mulheres amam, mas que ele não ama nenhuma.

Parece que quer enlouquecer qualquer um que pisa no seu jardim, que toca nas suas flores, que rega suas plantas, que deixa os amores passar. Um tipo de jardim totalmente feito por causa de amor.
É do tipo que não lê a sipnose do livro mas que marca as frases preferidas, principalmente pra gravá-las, pra fazer tatuagem, pra colocar no seu coração, pra se magoar de novo, pra amar de novo. Pra amar de novo!

— É esse o segredo dela então? Amar de mais?

Dá pra ver nas suas caretas, na sua sobrancelha levantada, no jeito de andar e colocar as mãos no bolso do moletom folgado e velho. Dá pra ler. Dá pra ler ela, inteirinha! Cheia de amor, individualismo e caretice mas só pede um pouco de paciência e eu também, que vou continuar escrevendo pra ver se um dia ela acorda e vê que o mundo não é mar de rosas e sim rosas no mar. Ela faz meu tipo, ela precisa saber que é dessas que a gente sabe que se irrita fácil, que mastiga o diabo e o pão também, que não fala com ninguém antes de escovar os dentes, que sorri querendo chorar, que tem felicidade mas não quer demonstrar.

Vou traze-lá pra perto, pra ver se ela acorda e percebe que só ela — QUE SÓ ELA — tem algo à mais.